Pergunta: Tenho um filho de 5 anos e sempre me pergunto se estou educando-o da maneira certa para ele ter sucesso na vida. Eu sei que para isso às vezes precisarei ser rígida com ele, mas ao mesmo tempo não quero que ele perca o amor por mim e deixe de ser um filho carinhoso com a mãe por ela às vezes tratá-lo com rigidez.
(Enviado por Cristina, em 3 de novembro de 2010)
Rita: Querida Cristina,
A sua preocupação vem da maneira como você se vê em relação ao seu filho. E é apenas esta visão que deve ser mudada para que o seu filho se desenvolva da melhor maneira possível.
No momento, você se vê como uma educadora, alguém que já passou pela vida e já sabe certas coisas que alguém que apenas chegou ao mundo precisa saber.
Você vê ao seu filho como aluno, como aprendiz. E você, como mestre, sente que sua responsabilidade é ensiná-lo, para que ele não cometa erros que você já viu pessoas cometerem. E isso é perfeitamente normal. Isso é normal, porque essa era a maneira que os seus pais também se sentiam quanto a você. E o que você está tentando fazer em relação ao seu filho agora, é o mesmo que os seus pais tentaram fazer em relação a você.
Porém, algo no seu coração diz que você querer ensiná-lo com rigidez, poderá fazer ele deixar de ser carinhoso com você. E você sente isso porque no fundo você sabe que o amor verdadeiro não pode nascer de uma relação em que alguém dita regras e impõe castigos. E isso é verdadeiro. a sua intuição está certa. O amor verdadeiro realmente não pode florescer daí.
O amor é a essência de todos os seres-humanos. O amor é a energia que move o universo. Todos são capazes de amar incondicionalmente até mesmo um desconhecido. No entanto, é preciso que haja o despertar dessa consciência. O fato de alguém dar à luz um bebê, não é garantia de amor verdadeiro, eterno e incondicional entre ele e a mãe. Só que, por serem mãe e filho, por haver esta conexão física e espiritual tão grande, há aí uma chance de se criar uma relação de amor puro e verdadeiro entre ambos. Mas para isso a relação deve ser nutritiva. Esta deve ser uma relação em que o amor possa fluir.
Há relações de mães e filhos, aonde o grande propósito, que é ser uma relação nutritiva e amorosa, foi encoberto por uma camada de idéias da sociedade. Houve tanta preocupação com as idéias de que um filho deve respeitar a figura da mãe e uma mãe deve ajudar o filho a crescer através da disciplina, que o verdadeiro propósito foi esquecido. Mas estas são apenas idéias da mente. E as idéias da mente são como uma capa de poeira. Ela pode ser facilmente removida, mas ainda assim impede de ver com clareza. De maneira similar, as idéias da mente nao deixam que alguém experiencie o amor de forma total e plena. Se alguém indaga a uma dessas mãe e a um desses filhos, eles afirmarão que amam um ao outro. Entretanto, este amor também já se tornou apenas uma palavra, apenas uma idéia: a idéia de que um filho deve amar a sua mãe e vice-versa. E uma palavra está muito longe da experiência real do fluir do amor. Você não precisa falar que ama, nem desejar que seu filho te ame. Você só precisa ser amor.
É preciso cuidar para que o mais importante seja este fluir do amor. As idéias devem ser postas aos filhos apenas como algo social, algo secundário. O mais importante é que, entre vocês, esta energia amorosa esteja presente.
Uma mãe sempre sente que tem muito a ensinar a seu filho e por isso a relação entre os dois pode se dar como uma espécie de relação entre mestre e discípulo. E pode haver amor numa relação entre mestre e discípulo, mas somente quando o mestre é visto como uma fonte infinita de amor e sabedoria da qual o discípulo irá beber.
Ao invés de se ver como um policial, que impõe regras e penalidades, ou um professor que transfere conhecimento ao seu aluno, você deve se ver como uma fonte de amor e sabedoria. E é nesta fonte na qual o seu filho irá se nutrir. A relação entre vocês deve ser amorosa e nutritiva. Você deve nutrí-lo do seu amor. Se você se vê como uma fonte, seu filho sempre irá querer se aproximar de você para dela se nutrir, porque essa nutrição é o que todo o ser-humano busca. A essência do ser-humano é esse amor que está dentro de você como mãe. Deixe-a sair. Disponibilize a sua essência para o seu filho.
Você deve saber que basicamente essa é uma relação em que você, na maioria das vezes irá dar e o seu filho irá tomar mas, ainda assim, você não se cansará, porque se há amor, você também irá se nutrir desta relação. Por outro lado, se você decide tomar o papel de alguém hierarquicamente superior, que dá lições atrás de lições, procura passar todo o seu conhecimento o tempo todo, preocupando-se com o futuro dele, esta também será uma relação em que você irá dar e ele tomar, mas isso será cansativo tanto para você quanto para ele. Será um gasto de energias sem chance de repô-las. Neste caso, qualquer tentativa de afeto e de amor, não será total e verdadeira. Simplesmente porque não há de aonde tomar este amor. É como se a fonte estivesse seca o aonde deveria estar água está a poeira de idéias, como a preocupação com o futuro.
Lembre-se que o é a preocupação com o futuro são idéias que você aprendeu. Agora, você está tendo a chance de desaprendê-las com o seu filho, pois ele ainda não foi contaminado por elas. Celebre o fato de que ele não é um subconjunto das suas idéias e procure ver a vida através dos seus olhos frescos e inocentes. Aprenda com ele a não ver a vida através de um filtro de medos e preocupações ao invés de preocupar-se em instalar-lhe tal filtro o quanto antes.
Se você deseja que o seu filho alcance sucesso na vida, o aprendizado mais valioso que você pode dar a ele é viver o presente da maneira mais total e completa possível. Mas para ensinar-lhe isto, você precisa aprender a viver também desta forma. Quando você vive assim, não pode existir a preocupação com o futuro nem com o passado. E essa lição tão importante você deve procurar passá-la ao seu filho através da sua atitude no dia-a-dia.
Se você deseja que o seu filho alcance sucesso na vida, o aprendizado mais valioso que você pode dar a ele é viver o presente da maneira mais total e completa possível. Mas para ensinar-lhe isto, você precisa aprender a viver também desta forma. Quando você vive assim, não pode existir a preocupação com o futuro nem com o passado. E essa lição tão importante você deve procurar passá-la ao seu filho através da sua atitude no dia-a-dia.
Se o seu filho aprender com você a viver o presente da melhor maneira possível, você poderá ter certeza que ele sempre se sairá bem.
Uma criança que vive o presente de maneira completa irá prestar atenção na aula, no que o professor da escola diz. Na hora de brincar, irá brincar com energia e criatividade. Na hora de comer, irá prestar atenção na comida. Na hora de dormir, irá disfrutar o seu sono. E isto, viver o presente de maneira completa, é o que você deve buscar ensiná-lo. De forma contrária, justificar ações dizendo que o fez por estar preocupando-se com o futuro dele, apenas o ensinará a preocupar-se com o futuro e isso não irá ajudá-lo a viver de maneira plena e feliz e atingir o seu potencial.
E, viver o presente, não é uma capacidade que alguma pessoas têm e outras não. Viver o presente é uma habilidade da mente que se desenvolve. Você pode decidir e treinar a sua mente dia-após-dia para desenvolver esta habilidade de agir sempre de forma total em cada momento da sua vida. A cada segundo ser sempre o seu melhor, sendo sempre você mesma. E isso você deve desenvolver em você para que, através de exemplos, seu filho a veja e aja da mesma maneira.
E o afeto virá naturalmente. A essência do ser-humano é a energia amorosa. Disso é o que o ser-humano está feito. Se você adquire consciência de que você não apenas está feita, mas também é uma fonte desta energia, o seu filho sempre será afetuoso com você. Ele sempre precisará ir até você para tomar desta energia, simplesmente porque esta é a natureza dele também.
Veja, este é um exemplo real. Certo dia, numa loja de calçados, estava uma mãe com um filho também de 5 anos. A loja era muito grande e os sapatos estavam dispostos em prateleiras, como as de um supermercado, só que mais baixas. Abaixo de cada sapato, estavam empilhadas as caixas contendo o respectivo modelo nas diversas numerações disponíveis. Se o cliente gostava de algum modelo, bastava encontrar nas caixas logo abaixo dele aquela com o número que correspondesse ao seu tamanho.
Esta mãe estava procurando um sapato para ela. O garotinho estava muito contente, porque sentia que estava ajudando a mãe a encontrar o sapato ideal. A cada minutos ele se aproximava dela com alguma sugestão de calçado na mão. Dando-lhe mínima atenção, sua mãe seguia imersa naquele paraíso dos amantes do calçados, analisando modelo por modelo, checando preços, separando os que queria provar. Apenas num determinado momento, para restrigir mais a busca de seu pequeno ajudante, ela comentou-lhe rapidamente que o seu tamanho era o nove. O menino sentiu-se mais emocionado ainda com o novo desafio. Agora, ele percorria a loja em busca de um sapato que sua mãe gostasse e, ainda, do tamanho certo! Foi então que ele viu um par de botas que naturalmente chamariam a atenção de qualquer criança e, percorrendo rapidamente com seus olhinhos as caixas abaixo dela, ali encontrou, aquela mesma bota, em tamanho nove! Foi então que ele acenou com a bota em frente à sua mãe e lhe exclama com um sorriso nos olhos: "Olha, mãe! Esse é um nove!" Ao que sua mãe responde, sem olhar mais do que um segundo para a bota: "Esse não é exatamente o tipo de sapato que sua mãe está procurando." Depois disso, o garoto apenas devolveu a bota no lugar em que estava e não pareceu se importar muito, porque de fato as crianças desta idade ainda não tem um ego desenvolvido como o de uma criança mais velha ou de um adulto, para chegar a se sentir ofendido ou injustiçado. Mas, ainda assim, são experiências como esta que moldam o caráter de uma criança e definem vários aspectos de sua relação com seus pais, que podem durar a vida inteira.
Esta história dá um exemplo de o que significa "a relação de vocês tem que ser nutritiva". Ela também ilustra a frase "você deve ser uma fonte de amor e sabedoria para o seu filho, do qual ele naturalmente virá nutrir-se" e mais ainda, a diferença entre a idéia e a experiência, ou seja, entre a palavra amor e ser amor. Isto porque ser amor tem mais a ver com a aceitação do que com dizer que ama.
Ser amor é simplesmente aceitar as coisas como elas acontecem, aceitar a pessoa como ela é, em lugar de interferir para tentar mudá-la ou simplesmente desejar ela agisse de outra forma. E mais do que isso, disfrutar a presença daquela pessoa da exata maneira que ela esta acontecendo para você naquele momento. Aceitar a pessoa da forma como a Existência a coloca para você.
Ser amor é simplesmente aceitar as coisas como elas acontecem, aceitar a pessoa como ela é, em lugar de interferir para tentar mudá-la ou simplesmente desejar ela agisse de outra forma. E mais do que isso, disfrutar a presença daquela pessoa da exata maneira que ela esta acontecendo para você naquele momento. Aceitar a pessoa da forma como a Existência a coloca para você.
Neste caso, a mente desta criança passou por todo um processo criativo e desenvolveu um raciocínio para chegar a este resultado: encontrar um sapato que seja feminino, bonito e do tamanho nove. E, no momento de receber um retorno, uma avaliação, um feedback, ele ouviu nada mais do que um "Não. Está errado." A criança, no entanto, não pode separar de forma bem definida as etapas deste processo. Ela não irá pensar: "O que eu escolhi era feminino e era nove, mas não era o que a minha mãe queria, foi apenas aí que eu errei, mas todo o resto estava certo, por isso, eu ainda estou de parabéns." A criança de cinco anos apenar irá captar a essência da mensagem, de que ela estava errada, de que ela tentou ajudar e o resultado foi negativo ou que simplesmente não resultou em nada. E isso limita uma criança. Isso faz com que ela se desanime frente a um novo desafio. Mas, se uma criança é corretamente estimulada, ela é capaz de ir compreendendo que a sua criatividade e a sua inteligência não têm limites. E quando há amor e compreensão, sempre haverá este estímulo. A própria criança te dará muitas chances de agir com ela de maneira amorosa e nutritiva. Basta você estar atenta.
Voltando ainda ao exemplo, aquela mãe, que poderia ter parabenizado o seu filho de cinco anos, ou que poderia ter separado aquela bota, mesmo que depois não fosse provar, decidiu, naquele mesmo momento, tratá-lo como adulto. E é esta mesma mãe que se preocupa pelo futuro dele, que o coloca em aulas de natação e idiomas, e crê que está o tempo todo ajudando-o a ter sucesso na vida. Contudo, ela não foi capaz de neste momento perceber que o seu filho estava não só dando-lhe amor, por estar ajudando-a a comprar sem ninguém obrigá-lo, mas também estava vindo beber da sua fonte de amor. Porque ainda, na visão dele, isso é o que ela represente para ele. Porque uma criança de até cinco anos vê a essência da sua mãe, mesmo que ela mesma não a veja.
Imagine agora que esse mesmo menino não gostasse de sair com a mãe, e apenas pedisse para ela dinheiro para ir brincar no fliperama enquanto ela faz compras. E digamos que aí na loja ela visse outra mãe com um filho da mesma idade do seu, ajudando-a a encontrar sapatos. Ela iria pensar: "Que graça o filho daquela mulher. Gosta de ajudar a mãe a fazer compras.. E numa loja só de mulher, que nem brinquedos tem. Quem me dera se o meu fosse assim.. O meu só vem me pedir dinheiro pra brincar no fliperama." E talvez então ela fosse querer ter outro filho, um mais afetuoso quem sabe. E talvez ela se perguntaria porque o seu filho não a ama tanto a ponto de ir com ela fazer compras em lojas femininas. Mas o ego é assim, ele sempre quer o que não está aí. Hoje, aquela mãe gostaria de uma filho que reconhecesse melhor os modelos que ficam bem nela ou que então simplesmente não desse tanta opinião. Ou ela talvez até aprecie muito o fato de que o seu filho a ajuda, mas simplesmente não sabe como agir, não sabe como deixar fluir o amor. Porque talvez também os pais dela não sabiam como deixar fluir o amor entre eles e seus filhos pequenos.
E, depois de ou dois anos, quando seu filho não quiser mais ir comprar com ela, porque vai preferir ficar na casa de amiguinhos ou jogando video game na casa da avó, ela vai fantasiar a idéia de um filho que troque as diversões que uma criança da idade dele pode ter por ir acompanhar ela nas lojas. É possível ter um filho que te demonstre tamanho afeto, mas somente se o amor flui graciosamente entre vocês. Isso acontecerá apenas se a relação de vocês é amorosa e nutritiva.
Você pode ensinar ao seu filho muitas coisas e você o ensinará. Mas lembre-se que conhecimento são só idéias. A sua missão não é transferir conhecimento à criança. O verdadeiro tesouro é a sabedoria. Se você aprendeu coisas valiosas ao longo da sua vida e você gostaria de compartilhá-las com o seu filhos, seja uma fonte de amor e sabedoria. Ele virá sempre pegar amor desta fonte e acabará pegando também a sua sabedoria.
Carinho,
Rita
Carinho,
Rita
*PARA SE TORNAR UMA SEGUIDORA DO BLOG, CLIQUE NO BOTÃO “FOLLOW” À ESQUERDA E FAÇA LOG-IN COM SUA CONTA DE GOOGLE (A MESMA DO ORKUT), TWITTER OU YAHOO!
Nenhum comentário:
Postar um comentário